CENTENÁRIO DA SOCIEDADE DE SOCORROS MÚTUOS DE OLÍMPIA

Evento realizado em 30/11/2019 – Casablanca Eventos Buffet e Decoração e Salão  Menina Flor 3281.3463 ou 99734-1676

Discurso de Eloy Rodrigues Blanco, que foi associado durante 50 anos e presidente durante 30 anos.

Em 1919 é fundada a SOCIEDADE ESPANHOLA DE SOCORROS MÚTUOS E RECREATIVA DE OLÍMPIA. Em 1921, seu Presidente Joaquim Gonzalez Rodriguez registra a sociedade que, na sua origem, tinha por objetivos manter as tradições da cultura espanhola e o mútuo socorro entre os sócios e dependentes.

Começo a participar da Sociedade com 17 anos de idade, seguindo o meu pai, Damasio Rodriguez del Campo e meu tio Eloy Rodrigues Alvar, que também foram presidentes da Sociedade.

Algumas famílias que participavam e que possuem descendentes residentes ainda em Olímpia:

- José Gil (pai de Argemira Gil): que construiu por conta própria a primeira sede da Sociedade, um sobrado na Rua Nove de Julho (quase esquina com a Coronel Francisco Nogueira)

- Família Ramos (Marcial Ramos, dono do Café Cervantes, depois Casa Ramos, que era o ponto de encontro da colônia)

- Luis da Penha Raia

- Eugênio Calvo

- Família Rodriguez Alvar

- Rodriguez Blanco

- Rodriguez Ocanha

- Família Ocanha, que teve dois presidentes: João Ocanha e Guilherme Lopez Lopez

- Família Lopez

- Família Lopez e Lopez

- Família Martins

- Família Gonzalez

- Família Vidal

- Família Calhado

Depois de 23 anos aproximadamente de sua fundação, em 1942, há uma mudança estatutária em função da proibição de Getúlio Vargas: não era permitido mais a existência de sociedades estrangeira no Brasil.

O Artigo primeiro do Estatuto de 1942 diz que a Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos de Olímpia renuncia expressamente aos postulados espanhóis que a norteavam, deixa de ser sociedade estrangeira, passa a denominar-se Sociedade de Socorros Mútuos de Olímpia e a ser sociedade brasileira, compondo-se de número ilimitado de sócios. A Sociedade terá por fim o mútuo socorro entre seus sócios, proporcionando-lhes assistência médica e hospitalar.

Em 1948 houve outra mudança de estatuto: a Sociedade passa a se chamar Sociedade de Socorros Mútuos de Olímpia da Assistência Médica e Hospitalar. E seu objetivo era oferecer assistência médica a seus sócios.

No início da década de 1960, quando assumo a presidência da Sociedade, há a mudança para instituição filantrópica, de acordo com o Estatuto de 1963, em seu artigo 2º parágrafo único: Como instituição filantrópica,  a Sociedade obriga-se a manter leitos e serviços hospitalares para uso público gratuitos sem distinção de raça, cor, credo, sexo e religião.

Em 1963, a Sociedade compra o Hospital que era de propriedade do Dr. Waldemar Lopez Ferraz, que se chamava Casa de Saúde Lopez Ferraz. Este hospital passa por uma reforma e é inaugurado em 18 de abril de 1964. O hospital é inaugurado com 18 leitos para assistência gratuita e 14 quartos para sócios e particulares. Havia centro cirúrgico desde sua fundação, Raio X, consultórios privados, posto de enfermagem, cozinha, lavanderia, secretaria  - ou seja, uma assistência  de complexidade para a época.

Gostaria de destacar o empenho de todos os sócios nesta grande empreitada e das mulheres dos sócios que assumiam a parte social do hospital e do estabelecimento da enfermagem. Seus primeiros médicos foram Dr. José Lúcio Lopez e Dr. José Hagen.

Os recursos para manter sua vocação de filantropia e assistência gratuita provinham: do atendimento a particulares, de parte da cotização dos sócios, dos aluguéis dos imóveis adquiridos pela Sociedade ao longo dos anos.

Junto com a Santa Casa, o Hospital da Sociedade de Socorros Mútuos de Olímpia assumiu a assistência médica de parte da população olimpiense uma vez que não existia o SUS. Depois de 30 anos neste trabalho do hospital, deixo a presidência da Sociedade, da qual participei por 50 anos.

A Sociedade de Socorros Mútuos de Olímpia, antiga Sociedade Espanhola, assim como a Sociedade Beneficência Portuguesa e Sociedade Italiana, que também existem ou existiram em Olímpia atuaram como amparo aos muitos imigrantes que foram obrigados a deixar suas cidades, seus países de origem, suas famílias, por conta das guerras do início do século XX, dos regimes ditatoriais e perseguição política.  Assim como acontece nos tempos atuais, com grandes ondas migratórias ocorrendo ao redor do mundo. Encontraram no Brasil, àquela época, e em especial em Olímpia, condições favoráveis para retomar suas vidas, construir uma história e sonhar com um futuro melhor.

Olímpia, 30 de novembro de 2019